Foto: Fonte Wikipédia, foto oficial de Sua Excelência Dilma Rousseff, em 09.01.2011
Estimado leitor.
Desafiado por minha esposa para pesquisar este assunto, encontrei na Wikipédia uma página interessantíssima sobre a Presidente do Brasil Dilma Rousseff.
Devido ao relevante teor do documento encontrado na Wikipédia para todos, o mesmo está aqui reproduzido na íntegra.
O título da página é meramente sugestivo para estimular a curiosidade do estimado leitor.
Estimado leitor cabe a você mesmo a leitura do texto da Wikipédia e tirar as suas proprias conclusões.
Foram respeitadas todas as imagens, links e textos da fonte original.
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Dilma Rousseff
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Nota: Se procura a atriz e cineasta, veja Dilma Lóes.
Sua ExcelênciaDilma Rousseff
Foto oficial de Dilma Rousseff. 36.ª presidente do Brasil Mandato1º de janeiro de
2011 até
atualidade
Vice-presidente
Michel Temer Precedida por
Luiz Inácio Lula da Silva Ministra-chefe da Casa Civil doBrasil Mandato21 de junho de
2005 até
31 de março de
2010 Precedida por
José Dirceu Sucedida por
Erenice Guerra Ministra de Minas e Energia doBrasil Mandato1 de janeiro de
2003 até
21 de junho de
2005 Precedida por
Francisco Luiz Sibut Gomide Sucedida por
Silas Rondeau Secretária de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul Mandato1993 até
1994
Nascida em
14 de dezembro de
1947 (63 anos)
Belo Horizonte,
Minas Gerais Nome de
nascimento
Dilma Vana Rousseff
Nacionalidade
Brasileira Partido político
Partido dos Trabalhadores Alma materUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Cônjuge
Cláudio Galeno de Magalhães Linhares (1967-1969)
Carlos Franklin Paixão de Araújo (1969-2000)
Filhos
Paula Rousseff Profissão
Economista Religião
Católica romana[1] Website
Presidência da República Federativa do Brasil Dilma Vana Rousseff[2][3] (
Belo Horizonte,
14 de dezembro de
1947) é uma
economista e
política brasileira, filiada ao
Partido dos Trabalhadores (PT), e a atual
presidente[4] da
República Federativa do Brasil.
[5][6] Durante o governo do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a chefia do
Ministério de Minas e Energia, e posteriormente, da
Casa Civil. Em
2010, foi escolhida pelo PT para se candidatar à Presidência da República na
eleição presidencial,
[7][8] sendo que o resultado de segundo turno, em
31 de outubro, tornou Dilma a primeira mulher a ser eleita para o posto de
chefe de Estado ou
de governo, em toda a
história do Brasil.
[a][9] Nascida em família de classe média alta, interessou-se pelos
ideais socialistas durante a juventude, logo após o
Golpe Militar de 1964. Iniciando na militância, integrou organizações que defendiam a luta armada contra o
regime militar, como o
Comando de Libertação Nacional (
COLINA) e a
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (
VAR-Palmares). Passou quase três anos presa entre
1970 e
1972, primeiramente na
Operação Bandeirante(
Oban), onde teria passado por sessões de
tortura, e, posteriormente, no
Departamento de Ordem Política e Social (
DOPS).
[2][8] Reconstruiu sua vida no
Rio Grande do Sul, onde, junto a
Carlos Araújo, seu companheiro por mais de trinta anos, ajudou na fundação do
Partido Democrático Trabalhista (
PDT) e participou ativamente de diversas campanhas eleitorais. Exerceu o cargo de secretária municipal da Fazenda de
Porto Alegre de
1985 a
1988, no governo
Alceu Collares. De
1991 a
1993 foi presidente da
Fundação de Economia e Estatística e, mais tarde, foi secretária estadual de Minas e Energia, de
1999 a
2002, tanto no governo de Alceu Collares como no de
Olívio Dutra, no meio do qual se filiou ao
Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001.
[8][10] Em 2002, participou da equipe que formulou o plano de governo de
Luiz Inácio Lula da Silvapara a área energética. Posteriormente, nesse mesmo ano, foi escolhida para ocupar o
Ministério de Minas e Energia, onde permaneceu até
2005, quando foi nomeada
ministra-chefe da
Casa Civil, em substituição a
José Dirceu, que renunciara ao cargo após o chamado
escândalo do mensalão.
Em 2009, foi incluída entre os 100 brasileiros mais influentes do ano, pela revista
Época[11]e, em novembro do
ano seguinte, a revista
Forbes classificou-a como a 16ª pessoa mais poderosa do mundo.
[12] Índice
Biografia
Família, infância e primeiros anos
A família Rousseff (
da esquerda para a direita): o filho mais velho, Igor, a mãe, Dilma Jane Coimbra Silva, as filhas Dilma Vana e Zana Lúcia, e o pai Pedro (
Pétar) Rousseff.
Dilma é filha do
advogado e
empreendedor búlgaronaturalizado brasileiro Pedro Rousseff (em
búlgaroПетър Русев,
Pétar Rússev)
[13][14] e da
dona-de-casa Dilma Jane Coimbra Silva. Seu pai, parente distante do escritor
Ran Bosilek[15], manteve estreita amizade com a poetisa búlgara
Elisaveta Bagriana, foi filiado ao Partido Comunista da Bulgária
[10] e frequentava os círculos literários nos
anos 1920[16]. Chegou ao Brasil no fim da
década de 1930. Deixara sua esposa, dona de casa Evdokia Yankova
[17], esperando um filho em sua terra natal
[18], Luben, morto em
2007, mas mudou-se para
Buenos Aires e, anos após, voltou ao Brasil, fixou-se em
São Paulo, e prosperou. Em uma viagem a
Uberaba conheceu Dilma Jane Coimbra Silva, moça
fluminense de
Nova Friburgo, professora de vinte anos, criada no interior de
Minas Gerais, onde seus pais eram
pecuaristas. Casaram-se e fixaram residência em
Belo Horizonte, onde tiveram três filhos: Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia (morta em
1976)
[10][19][2].
Pedro Roussef trabalhou para a siderúrgica
Mannesmann, além de trabalhar com construções e com venda de imóveis. Vencida a resistência inicial da sociedade local contra os estrangeiros, passaram a frequentar os clubes e as escolas mais tradicionais
[20]. Incentivada pelo pai, Dilma adquiriu cedo o gosto pela leitura. Falecido em
1962,
[2] Pedro Roussef deixou de herança por volta de 15 imóveis de valor
[10].
De 1952 a 1954, cursou a
pré-escola no colégio Isabela Hendrix e a partir de 1955 iniciou o ensino fundamental no
Colégio Nossa Senhora de Sion, em Belo Horizonte.
[2] Em
1964, ela prestou concurso e ingressou no Colégio Estadual Central (atual Escola Estadual Governador Milton Campos), ingressando na primeira série do clássico
[2] (ensino médio). Nessa escola pública o
movimento estudantil era ativo, especialmente por conta do
recente golpe militar.
[10] De acordo com ela, foi nesta escola que ficou "bem subversiva" e que percebeu que o mundo não era para "
debutante",
[20] iniciando sua educação política. Ainda em
1964[2], ingressou na
Política Operária (POLOP), uma organização fundada em
1961, oriunda do
Partido Socialista Brasileiro, onde militou ao lado de
José Aníbal[2]. Seus militantes logo viram-se divididos em relação ao método a ser utilizado para a implantação do
socialismo: enquanto alguns defendiam a luta pela convocação de uma
assembleia constituinte, outros preferiam a
luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo, que deu origem ao
Comando de Libertação Nacional (
COLINA)
[8]. Para Apolo Heringer, que foi dirigente do
COLINA em
1968 e havia sido professor de Dilma na escola secundária, a jovem fez opção pela luta armada depois que leu
Revolução na Revolução, de
Régis Debray, um francês que havia se mudado para
Cuba e ficara amigo de
Fidel Castro. Segundo Heringer, "
O livro incendiou todo mundo, inclusive a Dilma"
[10].
Foi nessa época que conheceu Cláudio Galeno de Magalhães Linhares, cinco anos mais velho, que também defendia a luta armada. Galeno ingressara na POLOP em
1962, havia servido no Exército, participara da
sublevação dos marinheiros por ocasião do golpe militar e fora preso na
Ilha das Cobras. Casaram-se em
1967, apenas
no civil, depois de um ano de namoro
[10][2].
Atuação no COLINA
Segundo companheiros de militância, Dilma teria desenvoltura e grande capacidade de liderança, impondo-se perante homens acostumados a mandar. Não teria participado diretamente das ações armadas, pois era conhecida por sua atuação pública, contatos com sindicatos, aulas de marxismo e responsabilidade pelo jornal
O Piquete. Apesar disso, aprendeu a lidar com armamentos e a enfrentar a polícia
[10].
No início de 1969, o COLINA em Minas Gerais resumia-se a algumas dezenas de militantes, com pouco dinheiro e com poucas armas. Suas ações haviam-se resumido a quatro assaltos a bancos, alguns furtos de carros e dois atentados a bomba, que não fizeram vítimas. Em
14 de janeiro, com a prisão de alguns militantes após um assalto a banco, outros reuniram-se para discutir como libertá-los. Ao amanhecer, eles foram surpreendidos com a ação da polícia na casa onde estavam e reagiram, usando uma metralhadora do grupo para matar dois policiais e ferir um terceiro
[10].
Dilma e Galeno passaram a dormir cada noite em um local diferente, já que o apartamento em que moravam era também frequentado por um dos líderes da organização que fora preso. Precisaram, pois, voltar ao apartamento escondidos, para destruir documentos da organização. Permaneceram algumas semanas em Belo Horizonte, tentando reorganizar o que sobrara do grupo. Cientes de que as casas de seus pais eram vigiadas (a família não conhecia o grau de envolvimento de Dilma com essas atividades), Galeno ainda precisou passar por mudança física, pois um retrato falado seu como sendo um dos participantes do assalto ao banco (por ele negado) fora divulgado. Em março, o apartamento foi invadido, mas nenhum documento interno da organização foi encontrado. Perseguidos na cidade, a organização ordenou que fossem para o
Rio de Janeiro. Dilma tinha 21 anos e concluíra o segundo ano de
Economia[10].
Há uma perda intrínseca para o país quando essa experiência de uma juventude que se jogou na luta democrática, se jogou no combate para construir um país melhor (…) [é] perdida por morte.
—
Dilma Rousseff, em 2008, durante homenagem a onze ex-alunos da UFMG mortos em decorrência do combate ao regime militar[21]. Era grande a quantidade de
mineiros da organização no Rio (inclusive
Fernando Pimentel, que tinha 18 anos quando a perseguição foi iniciada, e recusou-se a obedecer as ordens de seu pai para entregar-se ao Exército, entrando, pois, na clandestinidade), sem que houvesse infraestrutura para abrigar a todos. Dilma e Galeno ficaram um período na casa de uma tia de Dilma, que imaginava que o casal estava de férias. Mais tarde, ficaram num pequeno hotel e, a seguir, num apartamento, até Galeno ser enviado pela organização a
Porto Alegre. Dilma permaneceu no Rio, onde ajudava a organização, participando de reuniões, bem como no transporte de armas e dinheiro. Nessas reuniões, conheceu o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, então com 31 anos, por quem se apaixonou e com quem viria a viver por cerca de 30 anos. Araújo era chefe da dissidência do
Partido Comunista Brasileiro (
PCB, na época também conhecido como o "Partidão"), e abrigara Galeno em Porto Alegre. A separação de Galeno e Dilma foi pacífica. Como afirmou Galeno, "
naquela situação difícil, nós não tínhamos nenhuma perspectiva de formar um casal normal"
[10].
Araújo era filho de um renomado advogado trabalhista e havia começado cedo na militância, no
PCB. Tinha viajado pela
América Latina(inclusive conhecendo
Fidel Castro e
Che Guevara) e já havia sido preso por alguns meses em
1964. Com a edição do
AI-5, em 1968, ingressou na luta armada. No início de
1969, passou a tratar da fusão de seu grupo com o
COLINA e a
Vanguarda Popular Revolucionária(
VPR), liderada por
Carlos Lamarca. Dilma participou de algumas reuniões sobre a fusão, que acabou formalizada em duas conferências em
Mongaguá, originando a
Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (
VAR-Palmares). Dilma e Araújo estiveram presentes, e Lamarca, que teria tido impressão de ser Dilma "metida a intelectual". Ela teria defendido trabalho político pelas bases, criticando a visão militarista característica da
VPR[10].
Na VAR-Palmares
Carlos Araújo foi escolhido como um dos seis dirigentes da
VAR-Palmares, que se autointitulava "uma organização político-militar de caráter partidário, marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as tarefas da guerra revolucionária e da construção do Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o poder e construir o
socialismo"
[10].
De acordo com Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da
Operação Bandeirante (Oban), estrutura que integrava o serviço de inteligência das
Forças Armadas (onde teriam sido realizados atos de tortura), Dilma era a grande líder da organização clandestina
VAR-Palmares. Usando vários codinomes, como Estela, Luísa, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda
[22], teria recebido epítetos superlativos dos relatórios da repressão, definindo-a como "um dos cérebros" dos esquemas revolucionários. O delegado Newton Fernandes, que investigou a organização clandestina em São Paulo e traçou o perfil de dezenas de integrantes, afirma que Dilma era uma das molas mestras dos esquemas revolucionários. O promotor que denunciou a organização chamou-a "Joana d’Arc da subversão", a chefiar greves e assessorar assaltos a bancos
[23], que Dilma contesta, dizendo nada lembrar das tantas ações que lhe atribuem
[24]. O militante
Darcy Rodrigues, braço direito de
Carlos Lamarca, diz que ela era ligação entre os comandos nacional e regionais
[22].
Companheiro de Dilma na
VAR Palmares,
Carlos Minc sustenta que ela não tinha papel de destaque na organização, versão contestada por outros.
A revista
Veja divulgou em reportagem que Dilma teria sido a organizadora, na época, do roubo de um
cofre pertencente ao ex-governador de
São Paulo Ademar de Barros, reputado pela guerrilha como símbolo da corrupção
[25] em
18 de junho de
1969, na
cidade do Rio de Janeiro, de onde foram subtraídos 2,5 milhões de
dólares[26].
Carlos Minc, que foi seu colega na organização clandestina
VAR-Palmares e estava entre os militantes que invadiram a casa da suposta amante do ex-governador, nega a participação de Dilma, afirmando, ainda, que é exagerada a versão de que Dilma fosse a líder da organização, sendo, então, apenas uma participante sem destaque especial. Em pelo menos três ocasiões, Dilma também negou participação no evento
[27][28]. Depoimentos e relatórios policiais indicavam que coube a Dilma administrar o dinheiro, pagar salários de militantes, encontrar abrigo para o grupo e comprar um
Fusca. Dilma afirma lembra-se apenas do automóvel, mas nega que tenha sido a responsável pela administração do dinheiro
[24][29].
A
VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o sequestro de
Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e, à época, o civil mais poderoso do governo federal. O suposto sequestro, que deveria ter sido em dezembro daquele ano, já havia sido referido no livro "Os Carbonários", de
Alfredo Sirkis, em
1981.
Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da
Vanguarda Popular Revolucionária e da
VAR-Palmares, reconheceu haver coordenado o plano, que seria de conhecimento de cinco membros da cúpula da organização, e Dilma seria um daqueles integrantes de cúpula. O sequestro não se teria consumado devido ao fato de os membros daquele grupo começarem a ser capturados semanas antes. Dilma nega peremptoriamente tivesse qualquer conhecimento do plano e duvida que alguém disso realmente se lembre, declarando que Espinosa teria fantasiado sobre o assunto
[24][29]. Ao tomar conhecimento das declarações que lhe foram atribuídas, entretanto, Espinosa contestou aquela informação, dizendo que nunca afirmara que Dilma teve conhecimento do plano, o que, se ocorreu, foi em termos rápidos e vagos. Afirmou, pois, que Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de ações militares, sempre tendo uma militância somente política
[30][31][32].
Mesmo com grande quantidade de dinheiro, a organização não conseguiu manter a unidade. Em um congresso em
Teresópolis, entre agosto e setembro de
1969, teria havido grande divisão entre os "militaristas", focados na luta armada, e os "basistas", que defendiam um trabalho de massas. Dilma estava com o segundo grupo. Enquanto os primeiros se agruparam na
VPR militarista, liderados por
Lamarca, Dilma ficou no segundo grupo, a
VAR-Palmares basista. Teria havido disputa pelo dinheiro do grande assalto e pelas armas
[10].
Após a divisão, Dilma foi enviada a
São Paulo, onde esteve encarregada de manter em segurança as armas que couberam a seu grupo. Evitando mantê-las em apartamentos sem a segurança necessária, ela e a amiga Maria Celeste Martins (décadas mais tarde, sua assessora na
Casa Civil) mudaram-se para uma pensão simples na
zona leste urbana, com banheiro coletivo, escondendo o arsenal debaixo da cama
[10].
Prisão
Uma série de prisões de militantes conseguiu capturar José Olavo Leite Ribeiro, que encontrava-se três vezes por semana com Dilma. Conforme o relato de Ribeiro, após um dia de tortura, revelou o lugar onde se encontraria com outro militante, em um bar na
Rua Augusta. Em
16 de janeiro de
1970, obrigado a ir ao local acompanhado de policiais disfarçados, seu colega também foi capturado e, quando já se preparavam para deixar o local, Dilma, que não estava sendo esperada, logo chegou. Percebendo que algo estava errado, Dilma tentou sair do local sem ser notada. Desconfiados, os policiais a abordaram e encontraram-na armada. "
Se não fosse a arma, é possível que conseguisse escapar", ressalta Ribeiro
[10].
Foto da ficha de Dilma Rousseff no
DOPS de São Paulo, tirada em janeiro de 1970.
Foi, então, levada para a
Operação Bandeirante (Oban), no mesmo local onde cinco anos depois
Vladimir Herzog perderia a vida. Teria sido torturada por vinte e dois dias
[33] com palmatória, socos,
pau-de-arara,
choques elétricos. Relatou Maria Luísa Belloque, uma companheira de cela:
A Dilma levou choque até com fiação de carro, fora
cadeira do dragão, pau-de-arara e choque pra todo lado.
—
Maria Luísa Belloque, companheira de cela No meio militar, há quem veja o relato de Dilma com ironia e descrédito, especialmente quanto à possibilidade de alguém sobreviver a vinte e dois dias de tortura.
[34] Posteriormente, Dilma denunciou as torturas em processos judiciais, inclusive dando nome de militares que participaram dos atos, como o capitão do Exército Benoni de Arruda Albernaz, referido por diversas outras pessoas. Ainda que tenha revelado o nome de alguns militantes, conseguiu preservar Carlos Araújo (que só viria a ser preso vários meses depois) e sua ajudante no recolhimento das armas, Maria Celeste Martins
[10] Seu nome estava numa lista, encontrada na casa de
Carlos Lamarca, com presos a que se daria prioridade para serem trocados por sequestrados, mas nunca foi trocada e cumpriu a pena regularmente.
[35].
Portal do
presídio Tiradentes, onde Dilma cumpriu sua pena. Ao ser demolido, preservou-se o portal, que foi tombado "pelo valor simbólico que representa na luta contra o arbítrio e a violência institucionalizadas em nosso país em passado recente"
[36].
Carlos Araújo foi preso em
12 de agosto de
1970. Durante o período em que Dilma esteve presa, Araújo teve um rápido romance com a atriz e então simpatizante da organização
Bete Mendes. Ao ser preso, encontrou-se com Dilma em algumas ocasiões, nos deslocamentos relativos aos processos militares que ambos respondiam. Ficaram alguns meses no mesmo presídio Tiradentes, em São Paulo, inclusive com visitas íntimas, onde se reconciliaram, planejando reatarem a vida conjugal após a prisão
[10].
Em dezembro de
2006, a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do
Estado do Rio de Janeiro aprovou pedido de
indenização por parte de Dilma e de outras dezoito pessoas, presas em dependências de órgãos policiais do governo estadual paulista na
década de 1970[37]. Em seu processo, foi fundamental o depoimento de Vânia Abrantes, que esteve com ela na mesma viatura policial em uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro (Vânia era a companheira de Carlos Araújo quando ele e Dilma começaram seu relacionamento)
[10]. Pediu ainda indenização nos estados de São Paulo e Minas Gerais, pois além de ter sido presa em São Paulo, fora levada a interrogatório em Juiz de Fora e no Rio de Janeiro. Também pediu indenização ao governo federal. Nos três estados, as indenizações fixadas em lei, somadas, podem chegar a 72 mil reais. Conforme a assessoria de Dilma, os pedidos tem um caráter simbólico, além do que teria solicitado que os processos só fossem julgados após seu afastamento dos cargos públicos
[38].
No dia
5 de abril de
2009, a
Folha de São Paulo publicou, ao lado de uma reportagem sobre o suposto plano da
VAR-Palmares para sequestrar o então ministro Antonio Delfim Netto, uma falsa ficha criminal de Dilma Rousseff, que o jornal alegou ter obtido junto ao arquivo do
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Diante da contestação de Dilma, que apresentou inclusive perícias comprovando a fraude, o jornal admitiu, então, não ter obtido a ficha da parte do
DOPS, mas via
e-mail, declarando, pois, simplesmente "não poder atestar sua veracidade". A ficha está disponível no site
Ternuma[39][24][40][41][42][43].
Dilma foi condenada em primeira instância a seis anos de prisão. Havendo cumprido três anos, o
Superior Tribunal Militar reduziu, então, a condenação a dois anos e um mês. Teve também seus direitos políticos cassados por dezoito anos
[38].
Eu não vou esconder o que eu fui e não tenho uma avaliação negativa. (...) Tenho uma visão bastante realista daquele período. Eu tinha 22 anos, era outro mundo, outro Brasil. Muita coisa a gente aprendeu. Não tem similaridade o que acho da vida hoje.
—
Dilma, em 2005, falando sobre suas atividades durante a luta armada[44]. Mudança para Porto Alegre
Dilma saiu do Presídio Tiradentes no fim de
1972, com 57 kg, dez quilos mais magra e com uma disfunção na
tireoide[45]. Havia sido condenada em alguns processos e absolvida em outros. Passou um período com sua família, em Minas Gerais, para se recuperar, algum tempo com uma tia, em São Paulo, e mudou-se para Porto Alegre, onde Carlos Araújo cumpria os últimos meses de sua pena. Ficou na casa dos sogros, de onde avistava o presídio onde estava Araújo. Dilma visitava-o com frequência, levando jornais e até livros políticos, disfarçados de romances. Desativado o Presídio da ilha das Pedras Brancas, Araújo cumpriu o restante da pena no Presídio Central. O prestigiado advogado Afrânio Araújo, pai de Carlos, faleceu em junho de
1974, o que levou amigos juristas a pressionarem solução para a prisão de Carlos, que acabou libertado uma semana depois
[45][10] Foi em
Porto Alegre que Dilma iniciou sua carreira pública, cidade em que se radicou para acompanhar Carlos Araújo, três vezes eleito deputado estadual.
Punida por subversão, de acordo com o
Decreto-lei 477 (considerado o "AI-5 das universidades"), ela havia sido expulsa da
Universidade Federal de Minas Gerais e impedida de retomar seus estudos naquela universidade em
1973[46], o que levou Dilma a prestar vestibular para
Economia na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduou-se em
1977, não tendo participado ativamente do movimento estudantil. No ano anterior, em março, nasceu sua única filha, Paula Rousseff Araújo. Sua primeira atividade remunerada, após sair da prisão, foi a de
estagiária na
Fundação de Economia e Estatística (FEE), vinculada ao governo do
Rio Grande do Sul[45].
A sua militância política, desta vez dentro da legalidade, foi reiniciada no Instituto de Estudos Políticos e Sociais (IEPES), ligado ao então único partido legalizado de oposição, o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Mesmo não tendo se filiado ao partido, Dilma organizava debates no instituto, que recebia palestras de intelectuais como
Francisco de Oliveira,
Fernando Henrique Cardoso e
Francisco Weffort. Em
1976, Araújo e Dilma trabalharam na campanha a
vereador de Glênio Peres, pelo MDB. Embora eleito, Peres foi cassado por denunciar torturas em um discurso. Em novembro de
1977, o nome de Dilma foi divulgado no jornal
O Estado de São Paulo como sendo um dos 97 subversivos infiltrados na máquina pública. A relação havia sido elaborada pelo então demissionário
Ministro do Exército,
Sílvio Frota, que havia resumido os antecedentes políticos dos listados. Dilma, qualificada como militante da
VAR-Palmares e do
COLINA e "amasiada com o subversivo" Carlos Araújo, foi, em consequencia, exonerada da FEE, sendo, contudo, anistiada mais tarde
[45].
A partir de
1978, Dilma passou a frequentar a
Universidade Estadual de Campinas, com intenção de cursar
mestrado. Nessa época, participava de um grupo de discussão em São Paulo com outros ex-integrantes da
VAR-Palmares, dentre os quais
Rui Falcão,
Antonio Roberto Espinosa, seu companheiro de prisão e, eventualmente, Carlos Araújo. Com reuniões trimestrais, o grupo durou cerca de dois anos, lendo obras de
Marx,
Poulantzas e
Althusser, discutindo o melhor momento de retomar a atividade política. Sobre a polêmica a respeito de sua titulação, Dilma declarou que "
Fiz o curso de mestrado, mas não o concluí e não fiz dissertação. Foi por isso que voltei à universidade para fazer o doutorado. E aí eu virei ministra e não concluí o doutorado." A universidade informa que ela nunca se matriculou oficialmente no mestrado
[45].
Titulação acadêmica
O sítio oficial da Casa Civil informava erroneamente que Dilma era
mestre em
teoria econômica pela
Unicamp e, também,
doutoranda em
economia monetária e financeira pela mesma universidade. Na
Plataforma Lattes, Dilma estava identificada como mestra, com título obtido em
1979, e doutoranda em ciências sociais aplicadas desde
1998. Conforme as informações da Unicamp, Dilma cumpriu os créditos (cursara as disciplinas e demais requisitos) referentes aos cursos, mas não defendeu as teses, não obtendo assim os títulos
[47]. A assessoria de imprensa da Casa Civil reconheceu que havia informado errado a titulação da ministra, corrigindo-a, primeiro, para "cursou mestrado e doutorado pela Unicamp" e, após, para "foi aluna de mestrado e doutorado em ciências econômicas pela Unicamp, onde concluiu os respectivos créditos".
A assessoria de imprensa informa que Dilma foi, realmente, aluna do curso de pós-graduação
stricto sensu (mestrado) em ciências econômicas naquela instituição entre março de
1978 e julho de
1983, havendo cumprido os créditos exigidos, mas não tendo defendido a dissertação, pois assumira a Secretaria Municipal da Fazenda de
Porto Alegre. O doutorado também não teria sido concluído por ter ela assumido outro cargo político (ocupou a Secretaria de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002 e em seguida foi nomeada Ministra de Minas e Energia)
[48].
Carreira política
Dilma Rousseff e
Leonel Brizola.
Com o
fim do bipartidarismo, participou junto com Carlos Araújo dos esforços de
Leonel Brizolapara a recriação do
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Após a perda da sigla para o grupo de
Ivete Vargas, participou da fundação do
Partido Democrático Trabalhista (PDT)[45]. Araújo foi eleito
deputado estadual em
1982,
1986 e
1990. Foi, também, por duas vezes, candidato a prefeito de
Porto Alegre, perdendo para os
petistas Olívio Dutra, em
1988, e
Tarso Genro, em
1992. Dilma conseguiu seu segundo emprego na primeira metade dos
anos 1980 como assessora da bancada do
PDT na
assembleia legislativa do
Rio Grande do Sul[45].
Secretária Municipal da Fazenda
Araújo e Dilma dedicaram-se com afinco na campanha de
Alceu Collares à prefeitura de Porto Alegre, em
1985, sendo que em sua casa foi preparada grande parte da campanha e do programa de governo. Eleito prefeito, Collares a nomeou titular da Secretaria Municipal da Fazenda, seu primeiro cargo executivo. Collares reconhece a influência de Araújo na indicação, mas ressalta que, para isso, certamente também contribuiu a competência de Dilma
[45].
Na campanha do pedetista Aldo Pinto para o governo do estado em
1986, Dilma foi uma grande assessora. O candidato a vice na chapa era
Nelson Marchezan, um dos mais destacados civis apoiadores da ditadura militar. Mesmo que tenham sido amplamente derrotados pelo candidato do PMDB,
Pedro Simon, vinte anos depois, Dilma ainda assim justifica a polêmica aliança: "
Marchezan foi líder da ditadura, mas nunca foi um 'enragé'. A ala Marchezan era a ala da pequena propriedade radicalizada. E ele era um cara ético"
[45].
Dilma permaneceu à frente da Secretaria da Fazenda até
1988, quando se afastou para se dedicar à campanha de Araújo à prefeitura de
Porto Alegre. Foi substituída por
Políbio Braga, que conta que Dilma tentara convencê-lo a não assumir o cargo, aconselhando-o, então: "
Não assume não, que isso pode manchar a tua biografia. Eu não consigo controlar esses loucos e estou saindo antes que manche a minha." Enquanto Collares lembra da gestão de Dilma como exemplo de competência e transparência, Políbio Braga discorda, lembrando que "
ela não deixou sequer um relatório, e a secretaria era um caos"
[45].
A derrota de Araújo na candidatura a prefeito alijou o
PDT dos cargos executivos. Em
1989, contudo, Dilma foi nomeada diretora-geral da
Câmara Municipal de
Porto Alegre, mas acabou sendo demitida do cargo pelo presidente da casa, vereador Valdir Fraga, porque chegava tarde ao trabalho. Conforme Fraga, "
eu a exonerei porque houve um problema com o relógio de ponto"
[45].
Secretária Estadual de Energia, Minas e Comunicações
Em
1990, Alceu Collares foi eleito governador, indicando Dilma para presidente da
Fundação de Economia e Estatística (FEE), na qual ela estagiara na
década de 1970. Permaneceu ali até fim de
1993, quando foi nomeada Secretária de Energia, Minas e Comunicações, sustentada pela influência de Carlos Araújo e seu grupo político
[45]. Permaneceu no cargo até final de
1994, época em que seu relacionamento com Araújo chegou ao fim, abalado pela descoberta da gravidez da mãe de Rodrigo, nascido em
1995. Depois reconciliaram-se e permaneceram juntos até
2000, quando Dilma foi morar só em um apartamento alugado
[45].
Em
1995, terminado o mandato de Alceu Collares, Dilma afastou-se dos cargos políticos e retornou à
FEE, passando a ser editora da revista
Indicadores Econômicos. Foi nesse intervalo que ela se matriculou oficialmente no curso de doutorado da Unicamp, em 1998
[45]. Em
1998, o petista
Olívio Dutra ganhou as eleições para o governo gaúcho com o apoio do
PDT no segundo turno, e Dilma retornou à Secretaria de Minas e Energia. Conforme Olívio, "
Eu já a conhecia e respeitava. E a nomeei também porque ela estava numa posição mais à esquerda noPDT, menos populista"
[45].
O
PDT ganhara alguns cargos no primeiro escalão, mas
Leonel Brizola entendia que seu partido tinha pouco espaço no governo, administrando parcela ínfima do orçamento. Por não conseguirem mais espaço, os pedetistas foram pressionados a entregar seus cargos. A composição da chapa para a prefeitura de
Porto Alegre nas eleições de
2000 acentuou a briga entre os dois partidos, pois o
PDT indicava
Alceu Collares e o
PT,
Tarso Genro. Dilma defendeu a manutenção da aliança que elegera
Olívio Dutra e apoiou a candidatura de
Tarso Genro, por não aceitar "alianças neoliberais e de direita", mesmo já tendo defendido a aliança com Marchezan, da
ditadura militar, na eleição de
1986.
Genro venceu
Collares no segundo turno e Dilma filiou-se ao
PT.
Brizola acusou de traidores os egressos: "
Venderam-se por um prato de lentilhas"
[45].
Na sua gestão na Secretaria de Minas e Energia do governo
Dutra, a capacidade de atendimento do setor elétrico subiu 46%
[45], com um programa emergencial de obras que reuniu
estatais e
empresas privadas. Em janeiro de
1999, Dilma viaja a
Brasília e alerta as autoridades do setor elétrico de que, sem investimentos em geração e transmissão de energia, os cortes que o
Rio Grande do Sul enfrentara no início de sua gestão ocorreriam no resto do país
[49]. Na
crise do apagão elétrico no final do
governo Fernando Henrique Cardoso, os três estados da
Região Sul não foram atingidos, não sendo imposto qualquer racionamento, pois não houve estiagem na região. Ainda assim, houve economia voluntária de energia e Dilma tentou obter compensação, como se concedia nas demais regiões. O governo federal não cedeu e Dilma conseguiu contemporizar junto à iniciativa privada gaúcha. Conforme
Pedro Parente, chefe da Casa Civil no
governo FHC,
"Ela era pragmática, objetiva e demonstrou que tinha um diálogo fluido com o setor empresarial"[45].
Ministra de Minas e Energia
Dilma Rousseff, concede entrevista coletiva no
Palácio do Planalto,
2006.
Os assuntos relacionados à área de minas e energia na plataforma do candidato
Lula eram discutidos em reuniões coordenadas pelo físico e engenheiro nuclear
Luiz Pinguelli Rosa. Este, como Ildo Sauer, outro destaque do grupo, era totalmente contrário às
privatizações no setor, que, em sua visão, eram as responsáveis pelos problemas energéticos que o país passava. Convidada por Pinguelli a participar do grupo em junho de
2001, Dilma chegou tímida para integrar uma equipe com vários professores, mas logo se sobressaiu com sua objetividade e bom conhecimento do setor. Para todos no grupo, contudo, era evidente que Pinguelli seria o
ministro de Minas e Energia, caso Lula vencesse a eleição em
2002[45].
Foi grande a surpresa quando
Lula, eleito, escolheu Dilma para titular da pasta. Declarou: "
Já próximo de2002, aparece por lá uma companheira com um computadorzinho na mão. Começamos a discutir e percebi que ela tinha um diferencial dos demais que estavam ali porque ela vinha com a praticidade do exercício da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Aí eu fiquei pensando: acho que já encontrei a minha ministra aqui."
[45] Teria pesado muito a simpatia que
Antonio Palocci nutria por Dilma, reconhecendo que teria trânsito muito mais fácil junto ao setor privado do que Pinguelli, além de ter apoiado a
Carta aos Brasileiros, concordando com as mudanças no partido.
Olívio Dutra diz que também foi consultado e elogiou os méritos técnicos de sua secretária de Minas e Energia. "
Posso ter pesado um pouco na balança naquele momento, mas, da transição para frente, o mérito é todo da Dilma." Já ministra, aproximou-se muito de
José Dirceu, então chefe da Casa Civil
[45].
Sua gestão no ministério foi marcada pelo respeito aos contratos da gestão anterior, como pelos esforços em evitar novo apagão e pela implantação de um modelo elétrico menos concentrado nas mãos do Estado, diferentemente do que queriam Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer. Quanto ao mercado livre de energia, Dilma não só o manteve como o ampliou. José Luiz Alquéres, presidente da
Light, elogia o modelo implantado por Dilma, que está ajudando o segmento, criticando apenas a demora, que na sua visão é culpa da máquina governamental
[45]. Convicta de que investimentos urgentes em geração de energia elétrica deveriam ser feitos para que o país não sofresse um apagão já em
2009, Dilma travou um sério embate com a ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, que defendia o embargo a várias obras, preocupada com o
desequilíbrio ecológico que poderiam causar. José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil, teve que criar uma equipe de mediadores entre as ministras para tentar resolver as disputas
[50].
Amigo de Lula, Pinguelli foi nomeado presidente da
Eletrobras e protagonizou grandes divergências com a ministra, chegando a colocar o cargo à disposição. Ironizava as oscilações de humor de Dilma: "
Essa moça formata o disquete a cada semana." Pinguelli por fim deixou o governo.
Mauricio Tolmasquim, que na equipe de transição tinha uma visão do setor mais próxima a de Dilma, foi convidado por ela para ser o secretário-executivo do ministério. Declarou que à medida que foram se conhecendo melhor, Dilma passou a gritar de vez em quando com ele: "
É o jeito dela. Não é pessoal. E em cinco minutos fica tudo bem." Ildo Sauer também desentendeu-se com a ministra, que rechaçara suas ideias sobre um modelo estatizante. Com efeito, ao assumir a direção de gás e energia da
Petrobras, divergiu, assim como o presidente da empresa,
Sergio Gabrielli, várias vezes da ministra, sendo necessário até mesmo a intervenção de
Lula. Sauer deixou a empresa em
2007. Ainda sobre questões de energia, também teve desentendimentos com a ministra o ex-
deputado federal Luciano Zica. Para ele, "
a Dilma é a pessoa mais democrática do mundo, desde que se concorde 100% com ela"
[45].
Ao assumir o ministério, Dilma defendeu uma nova política industrial para o governo, fazendo com que as compras de plataformas pela
Petrobras tivessem um conteúdo nacional mínimo, com o que poderiam gerar cerca de 30 mil novos empregos no país. Argumentou que não era possível que uma obra de 1 bilhão de reais não fosse feita no Brasil
[51]. As
licitações para as
plataformas P-51 e P-52 foram, assim, as primeiras no país a exigir um conteúdo nacional mínimo
[52]. Houve críticas à exigência, sob o fundamento de que isso aumentaria os custos da Petrobrás
[53], mas Dilma defendeu a capacidade do país de produzir navios e plataformas, afirmando que a nacionalização, que variava entre 15 e 18%, subira a mais de 60%
[54].
Lula reconheceu que, visto apenas sob a óptica da empresa, o custo foi maior, entretanto não se deveria mirar apenas o custo imediato, mas também o fortalecimento da ciência e tecnologia nacionais
[55]. Assim, em
2008, a indústria naval passou a empregar 40 mil pessoas, marca extraordinariamente superior comparada às 500 pessoas empregadas em meados da década de
1990, fato que seria decorrente da exigência de nacionalização,
[55] e que levou a indústria naval à condição de sexta maior do mundo em 2009
[56].
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresenta plano de habitação às centrais
sindicais.
Luz Para Todos
Dilma propôs acelerar as metas de universalização do acesso à energia elétrica, que tinha como prazo final 2015, de modo que mais 1,4 milhão de domicílios rurais viessem a ser iluminados até
2006. Argumentou que a universalização era uma meta de inclusão social, devendo fazer parte de programas como o
Fome Zero, não sendo possível supor que seja um programa que dê retorno financeiro
[57]. No governo anterior, havia sido lançado o programa "
Luz no Campo", com o objetivo de incentivar o
agronegócio e prevendo o custeio pelo beneficiário, sendo que o programa governamental propunha-se a financiar o custo. A meta daquele programa anterior era atender um milhão de famílias, mas, até o início de
2003, pouco mais da metade haviam sido atendidas
[58]. Conforme Dilma, o programa anterior só obteve resultados nos estados onde os governos locais subsidiaram a população
[59]. Defendeu, então, um programa altamente subsidiado pelo governo, que não deveria apenas financiar, mas custear e suportar efetivamente tal universalização
[60]. O subsidio em questão deveria ser expressa e unicamente para o consumidor final, destinatário do programa, e não para as empresas
[59].
O programa foi lançado em novembro de
2003, com o nome "
Luz Para Todos"
[61], concentrado em beneficiar regiões de baixo
índice de desenvolvimento humano e famílias com renda até três salários mínimos
[58]. A meta do programa era atender, até
2008, dois milhões de famílias
[61]. Em abril de
2008, o governo ampliou o programa para até
2010, de modo a beneficiar mais 1,17 milhão de famílias
[62]. Em outubro de
2008, Dilma reconheceu que o governo não conseguiria cumprir a meta em tempo, e ainda restariam 100 mil famílias para serem atendidas em
2009[63]. A
Região Nordeste concentrou 49% das ligações do programa, que representou, de janeiro de
2005 a maio de
2008, 37,8% de todas as novas ligações elétricas na região, fazendo com que o Nordeste pela primeira vez ultrapassasse a
Região Sul no consumo de energia elétrica
[64].
Ministra-Chefe da Casa Civil
Luiz Inácio Lula da Silva(
Presidente do Brasil),
Barack Obama(
Presidente dos EUA) e Dilma Vana Rousseff (
Ministra-Chefe da Casa Civil) em
março de
2009.
Dilma Rousseff participa da 3ª Conferência Nacional da
Aquicultura e
Pesca, setembro de 2009.
Como ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff tinha o apoio de dois dos principais ministros do governo
Lula:
Antonio Palocci e
José Dirceu. Quando
Dirceu saiu do ministério devido ao
escândalo do mensalão, ao invés de ela ficar enfraquecida, novamente
Lula surpreendeu escolhendo-a para a chefia da
Casa Civil.
Gilberto Carvalho, secretário particular do presidente, diz que Dilma chamou a atenção de
Lula pela coragem de encarar situações difíceis e pela capacidade técnica.
Franklin Martins, ex-guerrilheiro a se tornar ministro, afirmou que
Lula teria ficado muito impressionado com a gestão de Dilma nas Minas e Energia, evitando um outro apagão: "
Lula percebeu que ela fazia as coisas andarem." E evitaria a disputa entre
Palocci e
Dirceupara sucedê-lo, já que Dilma não tinha essa ambição, era nova no partido e, por não pertencer a nenhuma ala, transitava por todas. Dilma revelou a
Gilberto Carvalho que a indicação para a
Casa Civil foi surpresa muito maior do que quando fora indicada para a pasta de Minas e Energia
[45]. O senador
Pedro Simon (PMDB-RS), disse que, desde que Dilma assumiu o ministério, "a seriedade está se impondo" na
Casa Civil[65].
O Consulado dos
EUA em
São Paulo encaminhou ao
Departamento de Estado, logo após a posse de Dilma na
Casa Civil, dossiê detalhado, traçando seu perfil, o passado de guerrilheira, gostos e hábitos pessoais e características profissionais, descrevendo-a como técnica prestigiada e detalhista, com fama de
workaholic e com grande capacidade de ouvir, mas com falta de tato político, dirigindo-se às vezes, conforme relato de assessor graduado, diretamente aos técnicos, em lugar de aos seus superiores
[66][67].
[editar]Dossiê da Casa Civil
Dilma em entrevista em 2009, ainda como Ministra-Chefe da Casa Civil.
Em virtude do
escândalo dos cartões corporativos, surgido em janeiro de
2008, atingindo o governo federal e causando a demissão da ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
Matilde Ribeiro, a oposição entrou com pedido para a instalação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito para investigações mais aprofundadas.
Em
22 de março de
2008, uma reportagem da revista
Veja afirmou que o
Palácio do Planaltomontara
dossiê detalhando gastos da família
Fernando Henrique Cardoso. A matéria diz que os documentos estariam sendo usados para intimidar a oposição na
CPI dos Cartões Corporativos. A
Casa Civil negou a existência de um tal dossiê, apresentando, no intervalo de quinze dias, três versões diferentes sobre o assunto, todas depois desmentidas pela imprensa
[68]. Em
28 de março, o jornal
Folha de São Paulo publicou uma reportagem afirmando que a secretária-executiva da Casa Civil,
Erenice Alves Guerra, dera a ordem para a organização do dossiê. Em entrevista coletiva de
4 de abril, Dilma reconheceu a feitura do banco de dados, mas descartou qualquer conotação política pertinente. Disse que o vazamento de informações e papéis federais é crime e que uma comissão de inquérito interna iria apurar o fato. Em
7 de abril, a
Polícia Federal (PF) decidiu investigar o caso.
Em
7 de maio, em audiência na Comissão de Infraestrutura do
Senado Federal, respondeu questões relativas ao "dossiê"
[69].
Eu fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, entrega seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador.
—
Em resposta ao senador José Agripino Maia (DEM/RN). O senador sugeriu que, por ter mentido quando presa durante a ditadura, também poderia estar mentindo sobre vazamento de dados que formaram o dossiê sobre gastos de FHC[69]. As investigações da PF concluíram que o responsável pelo vazamento foi o funcionário da Casa Civil José Aparecido Nunes, então subordinado de Erenice Guerra, então secretária-executiva de Dilma Rousseff e posteriormente sua sucessora na Casa Civil
[70]. Ele enviou passagens do dossiê para o assessor do senador
Álvaro Dias, André Fernandes
[71], confirmando que o dossiê existiu.
Em junho de 2008, a ex-diretora da
Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu afirmou em entrevista ao jornal
O Estado de S. Paulo, que a Casa Civil favoreceu a venda da
VarigLog e da
Varig ao fundo norte-americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros
[72].
Abreu, que deixou o cargo em agosto de 2007, sob acusações feitas durante a
CPI do Apagão Aéreo, relatou que a ministra Dilma Rousseff e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, a pressionaram a tomar decisões favoráveis à venda da VarigLog e da Varig. Segundo ela, Dilma a desestimulou a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira dos três sócios (Marco Antônio Audi, Luís Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar a empresa, já que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas
[73].
Dilma e Lula durante cerimônia de lançamento do PAC da Habitação.
Dilma negou as acusações e Denise Abreu não apresentou nenhum documento ou prova que sustentasse suas acusações
[74].
[editar]Programa de Aceleração do Crescimento
Dilma Rousseff é considerada pelo governo a gerente do
Programa de Aceleração de Crescimento(PAC). Lula também a chamou de "mãe" do PAC, designando-a responsável pelo programa em todo o país e informando que a população deve cobrar dela o andamento das obras
[75][76]. Quanto ao ritmo das obras, Dilma alegou que o país não tem o elevado grau de eficiência da
Suíça, mas tem conseguido acelerar os maiores projetos
[77].
Candidata às eleições de 2010
- Ver artigo principal: Eleição presidencial no Brasil em 2010
Dilma no início da campanha à Presidência da República em
Porto Alegre, em julho de 2010.
Dilma Rousseff com seu vice
Michel Temer, durante a campanha eleitoral.
Em abril de 2007, Dilma já era apontada como possível candidata à presidência da República.
[78] No mês seguinte, Dilma afirmou que era simpática à ideia.
[79] Em outubro do mesmo ano, jornais estrangeiros, como o
argentino La Nación e o
espanhol El País, já indicavam que ela era um nome forte à sucessão de Lula.
[80][81] Lula passou a fazer uma superexposição de Dilma para testar seu potencial como candidata.
[82] Em abril de 2008, a
The Economist indicava que sua candidatura não parecia ainda viável, pois era pouco conhecida, ainda que fosse a ministra mais poderosa de Lula.
[83] Em dezembro de
2008, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse que jamais conversara com Dilma Rousseff sobre sua possível candidatura para as eleições presidenciais de 2010, dizendo ter apenas insinuado. Para Lula, Dilma é a "pessoa mais gabaritada" para sucedê-lo.
[84] Em outubro de 2009, Dilma e Lula foram acusados pela oposição de estarem fazendo propaganda eleitoral antes do prazo
[85] durante visitas feitas pelo Presidente às obras de
Transposição do Rio São Francisco. O episódio ganhou mais notoriedade quando o então Presidente do Supremo Tribunal Federal,
Gilmar Mendes, comentou o caso.
[86] Sua candidatura foi oficializada em 13 de junho de
2010, em convenção nacional do Partido dos Trabalhadores realizada em
Brasília-DF. Foi também referendado o nome do atual presidente da Câmara dos Deputados,
Michel Temer (PMDB-SP) como seu vice. Participaram da mesa, entre outros, o ex-ministro
José Dirceu, o líder do PT na Câmara,
Fernando Ferro (PE), e o secretário-geral da legenda,
José Eduardo Cardozo.
[87] Sua candidatura foi apoiada por figuras famosas como
Chico Buarque,
Beth Carvalho,
Alceu Valença,
Elba Ramalho,
Emir Sader,
Oscar Niemeyer,
Leonardo Boff, e
Marilena Chauí.
[88] Suposto dossiê
O delegado Onézimo das Graças Sousa, aposentado do
Departamento de Polícia Federal, segundo reportagem da
Folha de S.Paulo alega ter participado de um encontro com os coordenadores da campanha eleitoral de Dilma Rousseff para a criação de um dossiê contra o também candidato
José Serra.
[89] Onésimo diz que recusou-se a fazer o que lhe foi pedido e denunciou os "fatos" para a
imprensa. Em depoimento no dia
17 de junho de
2010 para a
Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do
Congresso Nacional Brasileiro, afirmou ter sofrido ameaça de morte por revelar esse plano para a confecção do dossiê.
[90] Em uma segunda matéria publicada em 19 de junho de 2010, a Folha de S. Paulo afirmou que dados da declaração de imposto de renda do presidente do PSDB,
Eduardo Jorge, oriundos do sistema da Receita Federal, haviam sido levantados por um "grupo de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff. Os papéis também integrariam o suposto dossiê supracitado que, segundo a Folha, teria sido montado com o aval de uma ala da pré-campanha presidencial petista.
[91][92] Dois dias após a publicação da reportagem, a direção nacional do PT divulgou nota negando qualquer participação do partido no episódio. No dia 13 de julho de 2010, em depoimento à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado onde foi convocado a se explicar sobre o caso, o secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, confirmou o acesso aos dados fiscais protegidos por sigilo do vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge, mas se recusou a apontar o nome dos responsáveis, mesmo se a sessão fosse transformada em secreta.
[92][93] Após o depoimento de Cartaxo, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) informou que ingressará com representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o secretário da Receita Federal, por crime de prevaricação. O deputado acusou o PT de utilizar o aparato do governo federal para atacar a oposição – "Primeiro foi o caso do caseiro Francenildo Costa. Agora, a Receita Federal está envolvida em outro escândalo. A transparência é fundamental nessa investigação".
[94] Reportagem publicada pela revista
Carta Capital em junho de 2006 afirma que o suposto dossiê seria, na verdade, um livro ainda não publicado, intitulado
Os Porões da Privataria, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, acerca de supostos escândalos envolvendo privatizações, propinas, lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público em gestões do PSDB. Ainda segundo a Carta Capital, Onésimo, especialista em contraespionagem, teria oferecido ao PT serviços de vigilância e rastreamento de escutas telefônicas, mas foi descartado.
[95] Em entrevista ao programa
Roda Viva, Dilma afirmou, sobre as alegações da Folha quanto à existência do suposto dossiê, que o jornal "não tem fé pública" e que enquanto o jornal não demonstrar provas, trata-se de uma "uma acusação infundada". Também afirmou que só não processou a Folha de S. Paulo porque "respeita a liberdade de imprensa". O PT entrou com ação na justiça contra José Serra, pelo fato do candidato tê-la acusado de ser responsável pelo suposto dossiê.
[96] Em 21 de julho, surgiu o nome de Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva como possível responsável pelo vazamento. Antonia é analista da Receita Federal e foi exonerada do cargo em comissão que ocupava no dia oito de julho, uma semana após as denúncias surgirem na imprensa e a Receita ter aberto sindicância. Para o Fisco, foi com a senha de acesso de Antonia que os dados foram consultados e impressos sem justificativa legal. Casada com um auditor fiscal, Antonia também já participou da diretoria do sindicato dos servidores da receita na região do ABC. Segundo o sindicalista Helio Bernardes, atual presidente do Sindireceita, a servidora nega ter acessado os dados.
[97][98] Repercussão internacional
Dilma Rousseff na Convenção Nacional do
Partido dos Trabalhadores.
Durante sua campanha eleitoral, a possibilidade de eleição de Dilma Rousseff recebeu destaque em vários periódicos internacionais.
Para o
britânico The Independent, em matéria publicada sobre a candidata,
[99] a sua eleição "marca o desmantelamento final do 'Estado de segurança nacional', um arranjo que os governos conservadores nos Estados Unidos e na Europa já viram como seu melhor artifício para manter um
status quo podre, que manteve uma vasta maioria na América Latina na pobreza, enquanto favorecia seus amigos ricos", sendo ela uma candidata que "não se constrange com o passado de
guerrilha urbana, que incluiu o combate a generais e a temporada na prisão como prisioneira política". Disse também que, caso eleita, tornar-se-á "a mulher mais poderosa do mundo".
[100] O jornal
espanhol El País caracterizou Dilma como "uma grande gestora, mulher mais de ação do que de pensamento"
[101] e posteriormente, ao estimar que o candidato do PSDB
José Serra pode sofrer uma "derrota humilhante" nas urnas,
[102][103] pôs em questão o aparecimento de escândalos levantados por outros candidatos às vésperas das eleições: "milhares de brasileiros sonhavam com uma campanha eleitoral sem sobressaltos e centrada nas propostas dos candidatos, mas mais uma vez o jogo sujo está eclipsando o debate político".
[104] A candidata, que é descendente de
búlgaros, recebeu uma reportagem de duas páginas do mais importante periódico da
Bulgária, o
Trud, e vários jornalistas de meios de comunicação do país comentam com empolgação a possibilidade uma filha de búlgaro ser eleita presidente do Brasil.
[105] Durante sua campanha o país experimentou uma espécie de "febre" e interesse por Dilma.
[106][107] Programa de governo
Segundo informações divulgadas pelo jornal
O Estado de S. Paulo, o programa de governo de Dilma Rousseff registrado no TSE em 06 de julho de
2010, uma formalidade exigida pela legislação, contemplou duas versões em questão de algumas horas. Inicialmente o partido registrou um papelório com 19 páginas, todas rubricadas pela candidata, com temas controversos como controle da mídia, aborto e invasão de terras. Horas depois, uma segunda versão, sem os temas mais controversos – classificados como radicais por diversos meios de comunicação, como a
Folha de S. Paulo, o jornal
O Globo e a revista
Veja,
[108][109][110] – foi enviada para substituir o primeiro, esse assinado por advogados procuradores do PT.
[111][112] Ainda segundo o jornal, a assessoria da candidata teria afirmado que tanto ela quanto José Eduardo Dutra (presidente do partido) assinaram a versão sem ler o que estava escrito.
[113] Indagada, Dilma respondeu que "Nós não concordamos com a posição expressa (sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras)". "Tem coisas do PT com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também".
[111] Multas eleitorais
Dilma foi a primeira candidata a presidência a receber multa eleitoral por propaganda irregular na eleição de 2010. A primeira multa, de cinco mil reais, foi em 13 de maio de 2010, após o
TSE analisar o programa partidário veiculado pelo PT em dezembro de 2009 e considerar que houve propaganda antecipada em favor de Dilma. A segunda infração ocorreu dia 10 de abril de 2010, na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos.
[114] A terceira multa, também no valor de cinco mil reais, foi aplicada no dia 8 de julho de 2010.
[115] No dia 13 de julho, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral Nancy Andrighi multou mais uma vez a candidata em seis mil reais.
[116] No dia 20 de julho uma representação impetrada pelo
Ministério Público Eleitoral foi acatada pelo ministro
Henrique Neves, e outra multa de cinco mil reais foi aplicada à presidenciável.
[117] No mesmo dia, outra multa de 5 mil reais foi aplicada à candidata.
[118] A sétima punição foi dada no dia 22 de julho e teve o valor de 4 mil reais.
[119] Por propaganda antecipada, Dilma já contabiliza sete multas, totalizando trinta e três mil reais de débito com a justiça.
[120] Vitória
Dilma é eleita a primeira mulher presidente do Brasil, 31 de outubro.
No dia
31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, cargo a ser ocupado pela primeira vez na história do país por uma mulher. Obteve 55.752.529 votos, que contabilizaram 56,05% do total de votos válidos.
[9] No seu pronunciamento, disse, nas próprias palavras:
Vou fazer um governo comprometido com a erradicação da miséria e dar oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras. Mas, humildemente, faço um chamado à nação, aos empresários, trabalhadores, imprensa, pessoas de bem do país para que me ajudem.
—
Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleita do Brasil.[121] No discurso, tratou de diversos temas, tais quais a valorização da
democracia, a
liberdade de imprensa, a
liberdade religiosa e sobretudo as mulheres. Disse ainda que seu governo iria manter a
inflação sob controle, melhorar os gastos públicos, simplificar a
tributação e melhorar os
serviços públicos para a população.
[122] Dilma Rousseff escolheu a
Rede Record para conceder sua primeira entrevista após a vitória das urnas. Ela respondeu às perguntas das jornalistas
Ana Paula Padrão e
Adriana Araújo em
Brasília, edição que elogiou por ter sido entrevistada justamente por mulheres. A presidente também foi a primeira eleita democraticamente, desde o fim do
regime militar no Brasil, a dar uma entrevista que não fosse para a
Rede Globo. E, durante a conversa, Dilma ainda anunciou que a Record seria a primeira a noticiar o novo ministério escolhido pela presidente.
[123] Presidente da República
Preparativos para o cargo
No começo de novembro de
2010, Dilma iniciou sua preparação para assumir o cargo de presidente da República, reafirmando a necessidade de ampliação de programas-chave da gestão Lula, como o
Bolsa Família,
Minha Casa, Minha Vida e
ProUni (Universidade para Todos), totalizando treze diretrizes de governo.
[124] O gabinete de transição ganhou um orçamento de 2,8 milhões de reais e funcionou no
Centro Cultural Banco do Brasil. A coordenação coube ao ministro interino da
Casa Civil,
Carlos Eduardo Esteves Lima, em conjunto com coordenadores designados pela presidente eleita.
Um decreto do presidente Lula garantiu que o gabinete tivesse acesso irrestrito a dados do atual governo relativos a contas públicas do governo federal, à estrutura organizacional da
administração pública, à implementação, ao acompanhamento e ao resultado dos programas e ações de
órgãos públicos e
ministérios e a assuntos que requeressem adoção de providências da administração no primeiro quadrimestre do novo governo.
[125] Dilma e seu vice,
Michel Temer, ao lado do presidente do Senado,
José Sarney.
Em nota divulgada no dia
2 de novembro, a presidente eleita disse que a coordenação política da equipe de transição ficaria a cargo do vice-presidente eleito
Michel Temer, do presidente do PT,
José Eduardo Dutra, e dos deputados federais
Antonio Palocci e
José Eduardo Cardozo. Seria uma equipe de cinquenta pessoas eminentemente técnica e todos os partidos da base aliada foram ouvidos.
[126] Quanto ao anúncio dos
ministros, Dilma disse em entrevista ao
Jornal Nacional que isso seria feito em blocos e segundo critérios exclusivamente técnicos. Disse também que sua maior preocupação era manter a estabilidade econômica.
[127] No dia
3 de novembro, ela concedeu sua primeira entrevista no
Palácio do Planalto e ressaltou que os critérios políticos não eram os mais importantes para escolha de ministros. Nesse pronunciamento, ela abordou vários assuntos, declarando que pretendia um aumento do
salário-mínimo para 600 reais em
2011, que ainda necessitaria da
CPMF, que não pactuaria com as invasões do
MST, que iria dialogar com o
Irãsem abrir mão da defesa dos
direitos humanos, que daria combate à
guerra cambial internacional e que previa crescimento de 8 por cento da economia no ano de 2011.
[128] Na segunda semana de novembro, após uma breve folga, Dilma retornou ao trabalho com o compromisso de acompanhar o presidente Lula na reunião do
G20, com os seguintes temas agendados: desenvolvimento, energia, proteção do ambiente marinho, mudança do clima e combate à corrupção. Embora ainda não fosse presidente, ela recebeu convite formal do governo da
Coreia do Sul, país-sede do evento em
2010[129].
Em
10 de novembro, foram anunciados mais nomes para o gabinete de transição: Sinval Alan Ferreira da Silva, Ana Lúcia Ferreira dos Santos, Ênio Alves Vieira Filho, Georgina Fagundes, Jorge Luiz de Lima, Márcia Westphalen, Roberto França Stuckert Filho, Arílson Cavalcante Pereira, Christiane Araújo de Oliveira, Valdecir da Silva Ribeiro, Hildivan Freitas Ribeiro, Thaís Beserra de Andrade e Vanessa Rossana Vieira Maia.
Os novos nomes se integraram à equipe anunciada dias antes: Clara Levin Ant, que cuidou do banco de dados durante a campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República; Cleonice Maria Campos Dorneles, que foi assessora do gabinete da
Casa Civil; Helena Maria de Freitas Chagas, ex-diretora de Jornalismo da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC); Giles Carriconde Azevedo, ex-secretário-executivo adjunto da Casa Civil; Marly Ponce Branco, ex-assessora técnica da subchefia de análise e acompanhamento de políticas governamentais da Casa Civil; Anderson Braga Dorneles, ex-assessor especial da Casa Civil; e Paulo Leonardo Martins
[130].
Em
18 de novembro, o presidente do
PT José Eduardo Dutra anunciou que o único ministério a ser criado no governo Dilma seria o da
micro e pequena empresa[131]. A presidente eleita se reuniu com a equipe de transição, membros do governo e representantes da sociedade civil no
Centro Cultural Banco do Brasil e anunciou que iria aumentar o número de beneficiados e o valor do
bolsa-família, cobrindo 750 mil famílias com a inclusão de quem não possui filhos e ganha entre 70 e 140 reais. Marcelo Neri, da
Fundação Getúlio Vargas, disse que, para erradicar a pobreza, meta do governo Dilma, seriam necessários 21 bilhões de reais por ano, que deveriam ser aplicados não só em programas assistenciais, como também em saúde e educação
[132].
Em
24 de novembro, foi anunciado que a presidente eleita escolheu
Guido Mantega para o
Ministério da Fazenda,
Miriam Belchior para o
Ministério do Planejamento e
Alexandre Tombini para a direção do
Banco Central[133]. Durante o anúncio oficial, Mantega fez seu primeiro pronunciamento dizendo que, agora que o país cresceu, é hora de o setor privado gastar mais e o goveno economizar. Declarou também que a meta do novo governo seria manter o crescimento da economia e a geração de emprego
[134]:
Miriam Belchior também se pronunciou, ela disse que a meta era melhorar os gastos públicos e que é possível fazer mais com menos. Os investimentos deveriam se concentrar nas áreas de enfrentamento da miséria, em educação e saúde de qualidade, segurança e combate às drogas e em infraestrutura.
[135] O novo presidente do
Banco Central,
Alexandre Tombini, completou a entrevista coletiva. Em seu primeiro pronunciamento, ele disse que teria total autonomia operacional e que sua meta era o controle da
inflação, que não deveria ultrapassar a meta de 4,5 por cento ao ano. Para tanto, ele manteria a atual política de
juros. Disse também que a missão do Banco Central seria assegurar o poder de compra da moeda
[136].
Em
3 de dezembro, mais três ministros foram anunciados:
Antonio Palocci para a
Casa Civil,
José Eduardo Cardozo para o
Ministério da Justiça e
Gilberto Carvalho para a
Secretaria-Geral da Presidência. O novo ministro da Justiça disse que a meta do governo seria a segurança pública e também melhorar a vigilância de fronteiras, os serviços de inteligência e a
Polícia Federal. Segundo ele, é preciso unir
governadores e
prefeitos no enfrentamento do
crime organizado[137][138].
Em
6 de dezembro, Dilma confirmou a permanência de
Nélson Jobim no
Ministério da Defesa. Ele daria continuidade à Política Nacional de Defesa e ao reaparelhamento das
Forças Armadas, bem como pressionaria o Congresso para aprovar a Estratégia Nacional de Defesa. Os militares foram favoráveis a Jobim porque ele se posicionou contra a revisão da
Lei de Anistia[139].
Em
8 de dezembro, o
senador Garibaldi Alves Filho foi confirmado para o
Ministério da Previdência Social. Ele disse que era favorável ao fim do
fator previdenciário, mas que não advogava uma reforma na
previdência social e que o mais importante era um
choque de gestão capaz de reduzir os gastos do
INSS e eliminar seu déficit
[140]. No mesmo dia, a presidente Dilma escolheu outros dez ministros: o
senador Edison Lobão para o
Ministério de Minas e Energia;
Wagner Rossi para o
Ministério da Agricultura; o
deputado Pedro Novais para o
Ministério do Turismo; o ex-
governador do
Rio de Janeiro Moreira Franco para a
Secretaria de Assuntos Estratégicos; a
senadora Ideli Salvatti para o
Ministério da Pesca; a
deputada Maria do Rosário para a
Secretaria de Direitos Humanos;
Paulo Bernardo para o
Ministério das Comunicações;
Alfredo Nascimento para o
Ministério dos Transportes; e a
jornalista Helena Chagas para a
Secretaria de Comunicação Social[141].
Em
15 de dezembro, mais quatro ministros foram anunciados:
Antonio Patriota para o
Ministério das Relações Exteriores;
Nélson Jobim, já confirmado anteriormente, para o
Ministério da Defesa;
Fernando Pimentel para o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e
Aloizio Mercadante para o
Ministério da Ciência e Tecnologia[142]. No dia seguinte, outros três ministros foram apresentados:
Fernando Haddad para o
Ministério da Educação,
Carlos Lupi para o
Ministério do Trabalho e
Izabella Teixeira para o
Ministério do Meio Ambiente[143].
No dia
20 de dezembro, Dilma oficializou mais sete nomes:
Alexandre Padilha para o
Ministério da Saúde;
Ana de Hollanda para o
Ministério da Cultura;
Tereza Campello para o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Mário Negromonte para o
Ministério das Cidades;
Luiza Helena de Bairros para a
Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;
Orlando Silva de Jesus Júniorpara o
Ministério do Esporte; e
Luís Inácio Adams para a
Advocacia Geral da União[144].
No dia
21 de dezembro, mais cinco ministros foram apresentados:
Fernando Bezerra Coelho para o
Ministério da Integração Nacional; General
José Elito Carvalho Siqueira para o
Gabinete de Segurança Institucional;
Luiz Sérgio para a
Secretaria de Relações Institucionais;
Leônidas Cristino para a
Secretaria Especial de Portos; e
Jorge Hage para a
Controladoria-Geral da União[145]. Os dois últimos membros da equipe ministerial foram conhecidos em
22 de dezembro:
Afonso Florence para o
Ministério do Desenvolvimento Agrário e
Iriny Lopes para a
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres[146].
Diplomação
A presidente eleita e seu vice-presidente,
Michel Temer, foram diplomados pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em solenidade realizada no dia
17 de dezembro de
2010, às 17 horas, na sede do TSE, em
Brasília, com a presença de 250 convidados, entre parentes e políticos. Dilma disse que irá "honrar as mulheres, cuidar dos mais frágeis e governar para todos". Os diplomas foram confeccionados na
Casa da Moeda do Brasil.
[147] Este é o teor da diplomação
[148]:
Pela vontade do povo brasileiro, expressa nas urnas em 31 de outubro de 2010, a candidata pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Vana Rousseff, foi eleita presidente da República Federativa do Brasil. Em testemunho desse fato, a Justiça Eleitoral expediu o presente diploma, que a habilita à investidura do cargo perante o Congresso Nacional no dia 1º de janeiro de 2011, nos termos da Constituição.
—
Texto do diploma conferido a Dilma Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral - Ver artigo principal: Posse de Dilma Rousseff
Dilma Rousseff recebe a
faixa presidencial de Lula, no parlatório do
Palácio do Planalto.
Dilma Rousseff discursa ao povo no parlatório do
Palácio do Planalto, ao lado do
vice-presidente Michel Temer e de sua esposa,
Marcela Temer.
Dilma tomou posse em
1 de janeiro de
2011, em cerimônia iniciada às 14 horas (horário
local), no plenário do
Congresso Nacional, em
Brasília. Ela foi empossada juntamente com o vice-presidente,
Michel Temer. A cerimônia foi conduzida pelo então presidente do
Senado Federal,
José Sarney. Ela leu o compromisso oficial de "manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil". O vice-presidente,
Michel Temer, leu o mesmo termo de posse e em seguida foi ouvido o
hino nacional na execução da banda dos
fuzileiros navais[149].
No seu discurso de posse, Dilma declarou seu compromisso de erradicar a miséria no Brasil e de criar oportunidades para todos. Ela também enfatizou a importância da eleição de uma mulher para o cargo e desejou que esse fato abrisse as portas para outras mulheres no futuro. Prosseguiu agradecendo ao ex-presidente
Lula e fez menção especial a
José Alencar, que não pôde comparecer à posse devido à internação hospitalar. Completou seu pronunciamento lembrando que ainda era preciso uma longa evolução do país nos aspectos político e econômico, ressaltando também a relevância do Brasil no cenário internacional
[150].
Vida pessoal
Dilma Rousseff com
Lula e
Michel Temerdurante a campanha eleitoral de 2010.
O primeiro marido de Rousseff foi o
jornalista mineiro Cláudio Galeno de Magalhães Linhares. No fim da década de 1970, Dilma e Cláudio se divorciaram. Dilma, então, resolveu reconstruir sua vida no Rio Grande do Sul, rumando para
Porto Alegre onde conheceu seu futuro marido, o ex-guerrilheiro e ex-
deputado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, com quem teve sua única filha, Paula, nascida em
27 de março de
1976.
[2] Preso em São Paulo, Araújo foi transferido para seu estado natal para completar a
pena. Dilma deu aulas a presidiários para ver Araújo.
[151] Carlos Araújo e Dilma se separaram em
1994, mas em
1996 se reconciliaram e voltaram a viver juntos. Porém, depois de mais 30 anos de relacionamento, Dilma e Carlos Araújo se divorciam em
2000.
Dilma declara gostar de
História e interessar-se por
ópera. No início da
década de 1990matriculou-se no curso de
teatro grego do
dramaturgo Ivo Bender. A
mitologia grega tornou-se uma obsessão para Dilma, que, influenciada por
Penélope, resolveu aprender a bordar.
[151] Ela é leitora assídua de
Machado de Assis,
Guimarães Rosa,
Cecília Meireles, e
Adélia Prado.
[152] Dilma havia passado a usar o sobrenome
Linhares após seu casamento com Cláudio Galeno, em 1967. A separação se deu quando estavam na clandestinidade e o
divórcio amigável ocorreu apenas em 1981.
[2] Dilma, contudo, continuou usando o sobrenome do primeiro marido socialmente até 1999, mesmo usando oficialmente
Araújo do segundo marido. Após seu segundo divórcio, parou de se apresentar como Linhares e retirou o Araújo, voltando a usar seu nome de solteira, Dilma Vana Rousseff.
[2] Paula Rousseff
Dilma Rousseff (esquerda) durante o
batismo de seu neto em Porto Alegre, com a filha Paula Rousseff (centro), e Rafael Covolo – marido de Paula (direita).
Nascida em
27 de março de
1976, em
Porto Alegre, Paula Rousseff é a única filha de Dilma e de seu ex-marido, Carlos Araújo. Paula graduou-se em
direito e é funcionária pública federal concursada ocupando o cargo de Procuradora do Trabalho em sua cidade natal.
[153] Ela é casada, desde
2008, com o
administrador de empresas Rafael Covolo.
[154] Em
9 de setembro de 2010, Paula deu à luz o primeiro neto de Dilma, Gabriel Rousseff Covolo, nascido em Porto Alegre, enquanto a avó já estava em campanha presidencial.
[155][156] No primeiro turno, após o último debate entre os quatro principais candidatos, em
30 de setembro, na cidade do
Rio de Janeiro, Dilma viajou para Porto Alegre para o
batismo de Gabriel em
1º de outubro de 2010.
[157] Temperamento
Considerada dona de um temperamento explosivo, é acusada por parte da imprensa de ter destratado colegas de sua pasta, nomeadamente o ministro
Paulo Bernardo, na frente dos governadores
tucanos José Serra e
Aécio Neves. É acusada de "ter feito chorar" o presidente da
Petrobrás,
José Sérgio Gabrielli, depois de uma reprimenda via telefone. Segundo o jornal
O Globo, o secretário-executivo do
Ministério da Integração Nacional, Luiz Antonio Eira, teria pedido demissão devido a um desentendimento com ela, em que teria se sentido humilhado;
[158][48] Dilma, porém, nega que o tenha destratado.
[159] Sou uma mulher dura cercada por ministros meigos.
—Dilma Rousseff.[158] As supostas atitudes agressivas de Dilma, porém, garantiriam seu prestígio diante de
Lula, que pondera que seu comportamento mais ajuda do que atrapalha: seu temperamento se convertia na eficiência para resolver problemas sem soluções, inclusive alguns vindos da gestão de
José Dirceu.
[158] O vice-presidente da República,
José Alencar, considera o temperamento da ministra "dedicado" e "sério", assim como "bravo". Para ele, o eleitor veria nesse temperamento qualidades "excepcionais" para o comando do país.
[160] Sobre seu temperamento, Dilma afirma: "O difícil não é meu temperamento, mas minha função. Eu tenho de resolver problemas e conflitos. Não tenho descanso. Não sou criticada porque sou dura, mas porque sou mulher. Sou uma mulher dura cercada por ministros meigos".
[158] … eu acho interessante o fato de que a mulher, quando ela exerce um cargo com alguma autoridade, sempre é tachada de dura, rígida, dama de ferro ou qualquer coisa similar. E eu acho isso, de fato, um
estereótipo. É um padrão, uma camisa de força que tentam enquadrar em nós mulheres.
—
Dilma, ao confirmar que já se sentiu discriminada por ser mulher[161] Saúde
Em abril de 2009, Dilma revelou que estava se submetendo a um tratamento contra um
linfoma,
câncer no
sistema linfático, que havia descoberto a partir de um
nódulo na
axila esquerda, em um exame de rotina, em fase inicial. O tratamento incluía sessões de
quimioterapia. Tratava-se do tipo mais agressivo, mas as chances de cura eram de 90%.
[162][163] Em meados de maio, foi internada no
Hospital Sírio Libanês com fortes dores nas pernas, sendo diagnosticada uma
miopatia, inflamação muscular decorrente do tratamento contra o câncer. No início de setembro do mesmo ano, revelou ter concluído tratamento de
radioterapia, dizendo-se curada,
[164][165] o que foi confirmado pelos médicos daquele hospital no final do mesmo mês.
[166] Raspou o cabelo antes que ele começasse a cair, devido às sessões de quimioterapia, o que a fez usar
peruca durante sete meses, até dezembro de 2009.
[167][168] Outras atividades profissionais
Entre 1995 e 1996, quando estava afastada de suas atividades em cargos públicos, Dilma teve uma curta experiência como micro-empresária.
[169] Posições políticas
Dilma se considera
pró-vida, e apoia o
aborto apenas em
gestações que põem em risco a vida da mãe ou são o resultado de
estupro, casos em que a legislação brasileira atual permite às mulheres interromper a gravidez.
[170] Seus atuais pontos de vista têm sido criticados por setores da
Igreja Católica brasileira e de outros grupos religiosos, devido ao seu passado para apoiar a legalização do aborto. Foi também um dos principais alvos de críticas por parte de campanha de
José Serra, bem como pela revista
Veja, que destacou numa de suas reportagens a mudança das posições de Dilma em relação ao aborto.
Quando perguntada sobre o
processo penal do
goleiro do
Flamengo Bruno Fernandes de Souza, acusado de
assassinar sua ex-namorada Eliza Samudio, Rousseff declarou que era contra a
pena de morte.
[171] De acordo com ela, se a pena de morte fosse realmente útil, não haveriam mais
crimes hediondos nos
Estados Unidos,
[171] onde
alguns estados apoiam a pena.
Dilma opõe-se ao
casamento gay, mas apoia a
união civil entre pessoas do mesmo sexo.
[172] Segundo ela, "o casamento é uma questão religiosa. Eu, como indivídua, nunca diria o que uma religião deve fazer ou não. Temos que respeitá-los."
[172] Sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo, Dilma Rousseff disse que a base dos
direitos civis deve ser reconhecida de uma maneira civil.
[172] Ela também se opõe à
legalização das drogas ilegais, afirmando que "o Brasil hoje é incapaz de propor a descriminalização de qualquer droga."
[173] De origem
trabalhista, como antiga militante do
PDT, e no papel de atual membra do
Partido dos Trabalhadores, um partido que se diz
social-democrata e que se opõe à política da
Terceira via, Rousseff é contra as
privatizações e o
neoliberalismo. Contudo, declarou que é favorável à concessão da
iniciativa privada e à construção de novas
usinas e
estradas quando é mais barato fazê-las mediante subsídios do que por
obras públicas.
[174] Ela também se comprometeu a aprofundar os
programas sociais popularizados ou inaugurados com o
governo Lula, dizendo que, sob seu governo, "o Brasil continuará a crescer, com
inclusão social e mobilidade".
[174] Resumo das posições políticas de Dilma Rousseff:
União de pessoas do mesmo sexo[172]Privatização[174]Imprensa livre[175]Liberdade religiosa[176]Pena de morte[171]Reforma tributária[177] Democracia[178]Cota racial[179]Liberação de drogas[173]Reforma agrária[180]Reforma política[181]Apoio ao software livre[182] Ver também
Notas
a. ^ Dilma afirmou preferir ser tratada pelo feminino da palavra presidente,
[183] mas desde sua eleição não houve posicionamento oficial sobre o assunto, o que gerou certa confusão. Os meios de comunicação não estabeleceram qualquer padronização, mas, a despeito da manifestação de Dilma, a maior parte dos jornais, revistas e
blogs tem preferido utilizar o termo biforme
presidente,
[184] aplicável a homens e mulheres.
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